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quero despedir-me porque não sei quem sou

nesse dia, eu estava sentada, na mesma cadeira daquele mesmo escritório pela duas mil trezentas e quinquagésima vez (meu deus, é mesmo mais ou menos 9 anos sem contar com fim de semana!)
e eu fingia, como sempre, que estava tudo bem, mesmo tendo sido puxada por uma grua da cama com lágrimas a escorrerem na caneca do café da manhã.
ai, mas eu sou uma mulher forte e toda a gente trabalha das 9h ás 18h, mas quem é que sou eu? hein vamos mazé trabalhar
mas a grua que me puxava, um dia de manhã partiu as correntes, ficou sem combustível. estava a morrer aos bocados e inteira, partida em cacos e a tentar colar-me com cola-tudo mas…
a vida sempre vai ensinando que não há nada para colar.
então eu bati à porta do gabinete “ posso entrar?” como se ainda tivesse que pedir licença à minha alma para ser quem sou, e…voilá, era 2018 , eu ainda era um franguinho mal passado, não sabia o que queria da vida, se queria batatas fritas normais ou batata doce, mas quem é que disse que temos de saber? então eu fui viver , fui com as pernas a tremer de suor, as poucas penas que ainda tinha, com os pés descalços saí do gabinete , fechei a porta da angústia e frustração e decidi que – mesmo sem a máxima ideia de como – eu ía tentar fazer a minha própria maionese caseira para acompanhar, depois lá decidia que batatas fritas queria. eu não tinha de saber tudo pois sim.eu não tinha uma enciclopédia de alma ,
nem é suposto,a arrogância os humanos acharem que têm de saber como vão pentear o cabelo aos 22 anos ou aos 66, valha-nos seres de sombra, que jesus já andava descalço e sabia mais do que nós.
em 2018 eu trabalhava em produção numa empresa de meios audiovisuais, era assistente de produção e fui produtora, fiquei lá a espremer a minha alma 9 anos e decidi despedir-me. a partir daí tem sido a loucura, o meu rabo sentado numa montanha russa a levar com medos,inseguranças, a ver a minha conta bancária a descer (estava eu “tão bem na vida) a rezar ao japamala que tinha colocado ao peito , a pedir ajuda a todos os santos e aí fui eu,LIVRE à procura da minha maionese.
não percam a história completa no livro que ainda não escrevi mas estou a escrever
escrevendoaminhahistória📖✍🏼🍎👑🧳
laura alves



